Trazer para o público brasileiro de 2024 um poema escrito em sânscrito na Índia do século 12. É esse o tipo de “mágica” operada pela tradução e pelos tradutores.

A versão em português do “Canto para Govinda”, de autoria do poeta Jayadeva, recebeu na terça 19 o Prêmio Jabuti na categoria Tradução. O trabalho é obra do professor João Carlos B. Gonçalves [foto], que dedicou seis anos ao texto e mais alguns meses à revisão publicada pela Penguin-Companhia das Letras.

A verdade, porém, é que o termo “mágica” não se aplica ao processo tradutório – embora a aparição dos versos num novo idioma possa sugerir algo tirado do fundo de uma cartola, em questão de segundos. O livro é o fecho de uma longa jornada, fruto de décadas de estudo, noites de dedicação incansável, acúmulo de técnicas apuradas, um cabedal de conhecimentos culturais e linguísticos profundos. Em outras palavras: é muita mufa queimada.  

A complexidade da tarefa fica evidente no prefácio de Gonçalves: “Foi um trabalho de caso pensado traduzir todo o poema em versos rimados. Os versos das canções ficaram metrificados, enquanto os versos narrativos ficaram livres. Essa escolha deriva da arquitetura original sânscrita, que utiliza modalidades diferentes de versificação nessas duas dimensões do poema. Além da forma superficial, a métrica e a rima, foi minha intenção produzir efeitos sonoros e preservar as figuras de linguagem, dando-lhes o encanto da língua portuguesa, considerada a assimetria inerente ao ato de tradução”.

Olha só o tanto de coisa que esse cara levou em consideração para chegar ao resultado final! Métrica, rima, ritmo, sonoridade, conteúdo, diferenças estruturais entre as línguas (que o tradutor chama de “arquitetura”, e é isso mesmo). Noves fora os aspectos que separam – ou que podem unir – um autor da Índia do século 12 a um leitor no Brasil do século 21.

A princípio, tudo aponta para um quebra-cabeça de impossível solução, daqueles que a gente olha e pensa: “ah, isso aí… não vai dar”. No entanto, voilà! O livro existe em português, para quem quiser ler, graças a essa costura intrincada e fascinante chamada tradução.

Parabéns a Gonçalves pelo prêmio, e também aos demais indicados. Que ofício bonito, esse.

Texto por: Beatriz Vellozo

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PAULO SILVEIRA

“Comecei a interpretar em 2003, no mesmo ano em que nasceu o meu filho: duas jornadas que me encantam, desafiam e me fizeram crescer imensamente. Antes disso, passei pelos cursos de Direito, Publicidade, me graduei em Artes Visuais, morei na Inglaterra, além de estadias prolongadas nos EUA, Argentina e Chile. Lecionei inglês durante 15 anos, enquanto me aventurava na tradução escrita. Depois de um tempo, prestei o concurso de tradutor juramentado e comecei a atuar na área. Alguns anos depois, fiz a formação em interpretação de conferências da PUC/SP e me apaixonei por essa profissão.

Com a interpretação, viajei pelo mundo, da Argentina a Singapura, América Latina, EUA, Oriente Médio. Tive a oportunidade de traduzir, entre outros, Bill Clinton, FHC, Michelle Obama, Javier Milei, Bernardinho, Vik Muniz, e até o ator Leonard Nimoy, o Dr. Spock na série Jornada nas Estrelas. Aprendi muito sobre o setor financeiro, a indústria farmacêutica, visitei frigoríficos, lavouras, centros de pesquisa agrícola, minas, laboratórios, plantas de papel e celulose, alumínio, parafusos, e do setor alimentício, só para citar os mais recorrentes. Acima de tudo, a interpretação me encanta pela possibilidade de criar um canal linguístico e cultural que permite a comunicação entre as pessoas como se estivessem falando o mesmo idioma.”

PAULO SILVEIRA

“Comecei a interpretar em 2003, no mesmo ano em que nasceu o meu filho: duas jornadas que me encantam, desafiam e me fizeram crescer imensamente. Antes disso, passei pelos cursos de Direito, Publicidade, me graduei em Artes Visuais, morei na Inglaterra, além de estadias prolongadas nos EUA, Argentina e Chile. Lecionei inglês durante 15 anos, enquanto me aventurava na tradução escrita. Depois de um tempo, prestei o concurso de tradutor juramentado e comecei a atuar na área. Alguns anos depois, fiz a formação em interpretação de conferências da PUC/SP e me apaixonei por essa profissão.

Com a interpretação, viajei pelo mundo, da Argentina a Singapura, América Latina, EUA, Oriente Médio. Tive a oportunidade de traduzir, entre outros, Bill Clinton, FHC, Michelle Obama, Javier Milei, Bernardinho, Vik Muniz, e até o ator Leonard Nimoy, o Dr. Spock na série Jornada nas Estrelas. Aprendi muito sobre o setor financeiro, a indústria farmacêutica, visitei frigoríficos, lavouras, centros de pesquisa agrícola, minas, laboratórios, plantas de papel e celulose, alumínio, parafusos, e do setor alimentício, só para citar os mais recorrentes. Acima de tudo, a interpretação me encanta pela possibilidade de criar um canal linguístico e cultural que permite a comunicação entre as pessoas como se estivessem falando o mesmo idioma.”

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Lucas de castro

“Meu primeiro trabalho como intérprete foi há 16 anos, após adquirir experiência trabalhando como tradutor em uma grande consultoria internacional no departamento de tradução e localização. Antes disso, tive passagens em funções na área de TI, eventos, e ensino de idiomas.

Antes de me dedicar à tradução simultânea em tempo integral, fiz o curso de formação da Associação Alumni, em São Paulo, que concluí em 2006. Em 2010 passei uma temporada na Austrália, uma experiência importante para aumentar minha compreensão de diferentes sotaques e culturas.

Como sócio da VOX, além de tradutor e intérprete, também lidero e participo de iniciativas de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias aplicadas a todas as áreas de atuação da empresa, e de iniciativas na área de comunicação e marketing.

A diversidade de assuntos e lugares diferentes pelos quais a interpretação simultânea me permite transitar é uma das coisas que mais me atrai nessa carreira. Tive o privilégio e o prazer de interpretar pessoas das mais diversas áreas: diretores e gerentes de empresas, acadêmicos, autoridades governamentais como a rainha Sílvia e o rei Carl XVI Gustaf da Suécia, atores e diretores de televisão e cinema como Xuxa, Pablo Vittar, Buddy Valastro, Sérgio Loroza, jogadores como Cafú e treinadores de futebol, influencers, consumidores em pesquisas de mercado e etnográficas, publicitários, navegadores como Vilfredo, Heloísa e David Schurmann.”

Lucas de castro

“Meu primeiro trabalho como intérprete foi há 16 anos, após adquirir experiência trabalhando como tradutor em uma grande consultoria internacional no departamento de tradução e localização. Antes disso, tive passagens em funções na área de TI, eventos, e ensino de idiomas.

Antes de me dedicar à tradução simultânea em tempo integral, fiz o curso de formação da Associação Alumni, em São Paulo, que concluí em 2006. Em 2010 passei uma temporada na Austrália, uma experiência importante para aumentar minha compreensão de diferentes sotaques e culturas.

Como sócio da VOX, além de tradutor e intérprete, também lidero e participo de iniciativas de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias aplicadas a todas as áreas de atuação da empresa, e de iniciativas na área de comunicação e marketing.

A diversidade de assuntos e lugares diferentes pelos quais a interpretação simultânea me permite transitar é uma das coisas que mais me atrai nessa carreira. Tive o privilégio e o prazer de interpretar pessoas das mais diversas áreas: diretores e gerentes de empresas, acadêmicos, autoridades governamentais como a rainha Sílvia e o rei Carl XVI Gustaf da Suécia, atores e diretores de televisão e cinema como Xuxa, Pablo Vittar, Buddy Valastro, Sérgio Loroza, jogadores como Cafú e treinadores de futebol, influencers, consumidores em pesquisas de mercado e etnográficas, publicitários, navegadores como Vilfredo, Heloísa e David Schurmann.”

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LARA MOAMMAR

“Atuo como intérprete profissional desde 1996. Sou formada pela Associação Alumni e pelo Middlebury Institute of International Studies, na Califórnia. Antes de iniciar a carreira como intérprete, estudei Psicopedagogia.

Além disso, minhas experiências em Quito, no Equador, e em Toronto, no Canadá – duas cidades onde morei na infância e adolescência –, me deram uma compreensão mais ampla da cultura latina e norte-americana. Esse conhecimento é extremamente valioso para meu trabalho como intérprete de português, espanhol e inglês.

Em diferentes ocasiões, tive a oportunidade de fazer a tradução simultânea para chefes de estado como Barack Obama, Bill Clinton, Fernando Henrique Cardoso e Tony Blair; calls de resultado, reuniões e pitches em IPO Roadshows na América do Norte e Europa; organizações internacionais e bancos de fomento como ONU, BID, Banco Mundial e FMI; treinamentos do FBI; professores, pesquisadores de ponta, cientistas, astronautas e astrofísicos da NASA e instituições como Harvard, MIT e Oxford: escritores, dramaturgos, músicos e cineastas; laboratórios farmacêuticos e congressos médicos; aulas de gastronomia, yoga e mindfulness; workshops com dirigentes e treinadores em estádios de futebol e quadras de tênis; auditorias em portos internacionais, e até a bordo de um navio cargueiro. É gratificante facilitar a comunicação multilíngue em contextos tão diversos, um verdadeiro privilégio.”

LARA MOAMMAR

“Atuo como intérprete profissional desde 1996. Sou formada pela Associação Alumni e pelo Middlebury Institute of International Studies, na Califórnia. Antes de iniciar a carreira como intérprete, estudei Psicopedagogia.

Além disso, minhas experiências em Quito, no Equador, e em Toronto, no Canadá – duas cidades onde morei na infância e adolescência –, me deram uma compreensão mais ampla da cultura latina e norte-americana. Esse conhecimento é extremamente valioso para meu trabalho como intérprete de português, espanhol e inglês.

Em diferentes ocasiões, tive a oportunidade de fazer a tradução simultânea para chefes de estado como Barack Obama, Bill Clinton, Fernando Henrique Cardoso e Tony Blair; calls de resultado, reuniões e pitches em IPO Roadshows na América do Norte e Europa; organizações internacionais e bancos de fomento como ONU, BID, Banco Mundial e FMI; treinamentos do FBI; professores, pesquisadores de ponta, cientistas, astronautas e astrofísicos da NASA e instituições como Harvard, MIT e Oxford: escritores, dramaturgos, músicos e cineastas; laboratórios farmacêuticos e congressos médicos; aulas de gastronomia, yoga e mindfulness; workshops com dirigentes e treinadores em estádios de futebol e quadras de tênis; auditorias em portos internacionais, e até a bordo de um navio cargueiro. É gratificante facilitar a comunicação multilíngue em contextos tão diversos, um verdadeiro privilégio.”

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Helena Nicotero

“Trabalho como intérprete de conferências desde o ano 2000, quando concluí a formação da Associação Alumni. Antes de me dedicar à área, porém, estudei outros temas: sou formada em Artes Plásticas (Escola Panamericana, SP) e também em Administração em Prestação de Serviços (Johnson & Wales University, EUA).

Esses conhecimentos diversos, somados à minha experiência fora do Brasil – além de cursar faculdade nos Estados Unidos, morei na África na adolescência –, me deram ferramentas importantes para trabalhar como tradutora: contato com diferentes culturas e formas de comunicação, jogo de cintura para lidar com imprevistos, atenção a diferentes entonações, gestos e sinais sutis (que também são formas de expressão).

A tarefa de servir como canal de comunicação entre orador e ouvinte é instigante, exige muita concentração e estudo. Além disso, o trabalho me dá a chance de traduzir pessoas de áreas tão diversas como Steve Wozniak (um dos fundadores da Apple), o tenista Gustavo Kuerten, o cineasta Arnaldo Jabor, o mediador de conflitos William Ury e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, entre outros. Tudo isso me atrai na profissão.”

Helena Nicotero

“Trabalho como intérprete de conferências desde o ano 2000, quando concluí a formação da Associação Alumni. Antes de me dedicar à área, porém, estudei outros temas: sou formada em Artes Plásticas (Escola Panamericana, SP) e também em Administração em Prestação de Serviços (Johnson & Wales University, EUA).

Esses conhecimentos diversos, somados à minha experiência fora do Brasil – além de cursar faculdade nos Estados Unidos, morei na África na adolescência –, me deram ferramentas importantes para trabalhar como tradutora: contato com diferentes culturas e formas de comunicação, jogo de cintura para lidar com imprevistos, atenção a diferentes entonações, gestos e sinais sutis (que também são formas de expressão).

A tarefa de servir como canal de comunicação entre orador e ouvinte é instigante, exige muita concentração e estudo. Além disso, o trabalho me dá a chance de traduzir pessoas de áreas tão diversas como Steve Wozniak (um dos fundadores da Apple), o tenista Gustavo Kuerten, o cineasta Arnaldo Jabor, o mediador de conflitos William Ury e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, entre outros. Tudo isso me atrai na profissão.”

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Beatriz Velloso

“Fui jornalista durante 15 anos, mas sempre fui apaixonada por idiomas e tradução. Em 2006, decidi trocar a redação de uma grande revista semanal pelas cabines de interpretação. Fiz o curso da PUC/SP de formação de intérpretes, aproveitei os conhecimentos de inglês adquiridos na adolescência, quando morei nos Estados Unidos, e parti para uma carreira na área.

Adoro a profissão porque ela me dá a possibilidade de estudar temas diversos e estar em contato com ‘feras’ em vários assuntos. Já interpretei, por exemplo, líderes indígenas como Davi Kopenawa Yanomami, o ex-presidente americano Barack Obama, o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton e a cantora pop Demi Lovato, entre muitos outros. Fazer a tradução simultânea de pessoas anônimas é igualmente interessante: elas têm histórias e talentos que eu jamais conheceria se não fosse pelo meu trabalho. De quebra, circular entre diferentes línguas é ótima ginástica para o cérebro.”

Beatriz Velloso

“Fui jornalista durante 15 anos, mas sempre fui apaixonada por idiomas e tradução. Em 2006, decidi trocar a redação de uma grande revista semanal pelas cabines de interpretação. Fiz o curso da PUC/SP de formação de intérpretes, aproveitei os conhecimentos de inglês adquiridos na adolescência, quando morei nos Estados Unidos, e parti para uma carreira na área.

Adoro a profissão porque ela me dá a possibilidade de estudar temas diversos e estar em contato com ‘feras’ em vários assuntos. Já interpretei, por exemplo, líderes indígenas como Davi Kopenawa Yanomami, o ex-presidente americano Barack Obama, o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton e a cantora pop Demi Lovato, entre muitos outros. Fazer a tradução simultânea de pessoas anônimas é igualmente interessante: elas têm histórias e talentos que eu jamais conheceria se não fosse pelo meu trabalho. De quebra, circular entre diferentes línguas é ótima ginástica para o cérebro.”

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