Se você vai dar uma palestra num evento (remoto ou presencial) com tradução simultânea, as dicas reunidas neste brevíssimo guia organizado pela fundação catalã Doctor Antoni Esteve são curtas, diretas, claras e bem explicadas. Antes de mais nada, é importante lembrar: graças ao trabalho do intérprete, o público que não fala sua língua vai compreender e acompanhar o que você está dizendo. Por isso essa parceria é fundamental, e colaborar com o profissional responsável pela tradução simultânea é, acima de tudo, do interesse do próprio orador.
A Fundação Doctor Antoni Esteve divulgou as orientações (disponíveis em espanhol, inglês e, é claro, catalão) pensando sobretudo em palestrantes convidados para congressos na área médica e científica, na qual a entidade atua. Mas as sugestões valem para apresentações em qualquer área: economia, política, tecnologia da informação, recursos humanos, direito e por aí vai. São atitudes simples, como enviar com antecedência para os intérpretes o material que será exibido na apresentação (para que os tradutores possam estudar e se preparar antes do evento); esclarecer o significado de siglas e abreviações (que podem ser velhas conhecidas do palestrante, mas não necessariamente do intérprete ou do público estrangeiro); não se preocupar com a confidencialidade (o sigilo do conteúdo é um princípio ético quase religioso da interpretação de conferências, à semelhança do que ocorre na relação médico/paciente ou advogado/cliente); falar na língua materna e evitar fazer o discurso num segundo idioma (os intérpretes estão lá justamente para que cada um se expresse com segurança e conforto, sem se preocupar com questões linguísticas – trabalho que cabe ao profissional de tradução).
Embora algumas dicas sejam específicas para eventos com interpretação, muitas valem para qualquer ocasião – mesmo quando todos os participantes falam um único idioma. Alguns exemplos: respeitar o tempo designado para a sua fala (atrasos atrapalham o andamento do evento, com ou sem tradução); evitar ler textos longos (palestras lidas têm um risco maior de serem maçantes para a plateia, o que significa perder a atenção do público); e até coisas aparentemente prosaicas como… respirar! É claro que um palestrante “ligado no 220”, que fale na velocidade da luz, complica a vida dos intérpretes – que, mesmo assim, estão preparados e treinados para lidar com essas situações. Mas fazer uma apresentação corrida e atropelada pode ser confuso até para conterrâneos que compreendam perfeitamente a língua do orador.
Finalmente, o guia traz orientações básicas para palestras feitas pela internet, em webinars e lives – também aplicáveis a transmissões sem interpretação. São medidas simples, que fazem uma tremenda diferença: garantir uma boa conexão (se possível cabeada) para evitar que a imagem congele ou que a internet caia no meio da sua apresentação; manter o microfone no mudo quando não estiver falando; usar fones de ouvido com fio e microfone embutido (por mais práticos e discretos que sejam, os fones wireless ou do tipo “air pods” têm qualidade de som inferior para quem escuta o que você fala).
Recomendo a leitura.
Texto de Beatriz Velloso.