16 Ago / 2021

Vem aí um estudo sobre o impacto da “cabine virtual”​ no desempenho do intérprete

“Por dentro da cabine virtual: o impacto das características da interpretação remota na experiência e no desempenho do intérprete”. O tema não poderia ser mais relevante neste (já nem tão) novo mundo de webinars, lives e videoconferências com tradução simultânea. O projeto de pesquisa de Nicoletta Spinolo (Universidade de Bolonha, Itália) e Agnieszka Chmiel (Universidade  Adam Mickiewicz, Polônia) foi o ganhador da bolsa de estudos oferecida pela AIIC, a Associação Internacional de Intérpretes de Conferência. As duas pesquisadoras vão avaliar como o input recebido pelo intérprete na interpretação online (áudio, vídeo, etc.) e a estrutura do local de trabalho (em casa ou num estúdio de interpretação) afetam os níveis de estresse, fadiga e a carga cognitiva dos profissionais da área.

Os resultados do estudo podem ajudar muitos intérpretes a aprimorar ainda mais as condições da tradução simultânea remota – ou RSI, na sigla em inglês – até que os eventos presenciais voltem a acontecer (“se”, “quando” e “como” isso vai ocorrer… aí já é outro papo).

Em tempo: a professora Chmiel é também autora de outro trabalho interessante que mistura Estudos da Interpretação e Psicolinguística. Nele, os intérpretes – cuja prática ativa e simultânea de mais de um idioma é única e altamente complexa, diferente inclusive de pessoas bilíngues que não são intérpretes – são usados para observar questões cognitivas importantes. O artigo de Chmiel, “Interpreting Studies and Psycholinguistics”, foi publicado no livro “Why Translation Studies Matters“, que tem muita coisa boa para quem gosta do assunto – como uma análise sobre as áreas do cérebro ativadas durante a interpretação simultânea, feita com a ajuda de ressonância magnética, e um texto sobre a censura do regime franquista espanhol (1936 – 1975) às traduções de filmes americanos de faroeste.

Texto de Beatriz Velloso.