05 Jul / 2021

Juntos e shallow now! Versões e traduções no pop brasileiro

Divertida esta reportagem da Folha sobre as versões brasileiras de hits em inglês – ou em francês, italiano, espanhol. Faz a gente lembrar que a tradução (mesmo quando fica capenga) é parte da nossa vida. Eu, por exemplo, me peguei cantarolando uma música que não está citada no texto: O Astronauta de Mármore, releitura do Nenhum de Nós para Starman do David Bowie (aquela em que o verso “There’s a starman waiting in the sky” virava “Sempre estar láááá e ver ele voltaaaaar”). Pronto, entreguei minha idade.

Lembrei também de um episódio contado por Ruy Castro no livro Chega de Saudade. Tom Jobim detestava as versões que o letrista americano Norman Gimbel fazia de suas canções para o inglês (muitas delas lindamente cantadas por Frank Sinatra). “Inútil Paisagem”, por exemplo – que no original fala “Mas pra que / Pra que tanto céu / Pra que tanto mar” -, foi transplantada para um cenário de inverno rigoroso: “There’s no use / Of a moonlight glow / Or the peaks where winter snows”. Gaiato que era, Tom se vingou de Gimbel sapecando nele o apelido de Norman Bengell, numa referência à atriz Norma Bengell, musa do cinema brasileiro da época. Agora, na era das redes sociais, os fãs de Lady Gaga não perdoaram a versão troncha de Paula Fernandes e Luan Santana – e fizeram bombar a hashtag #morreumaestrela. Atire a primeira pedra quem conseguir não ficar com esse refrão-chiclete grudado na cabeça.

Texto de Beatriz Velloso.